domingo, 30 de março de 2008

Minhas senhoras...

Foto: Amma Maw

Vou-me deitar com isto em mente: Não se esqueçam e não se façam esquecer... façam antes a vossa história.

Bicas em tubos de ensaio

Foto: Paul W.

A dona do Café anda com vontade de inventar... por isso o Café sofreu obras de pintura. Não me parece, no entanto, que fique por aqui... Se a inovação me der para isso, ainda passo a servir bicas em tubos de ensaio.

domingo, 23 de março de 2008

Boa Páscoa!

Foto: TorstenR1

sexta-feira, 21 de março de 2008

Dia Mundial da Árvore

Foto: Coffee Cup

E tu, hoje fizeste algo pelo ambiente?
Nem que seja algo tão simples como contemplar um pinheiro velho e respirar aquele ar que nos falta durante a semana, nem que seja apenas encher a vista de verde e esquecer o betão em vivemos e trabalhamos...

quinta-feira, 20 de março de 2008

Ai Deus e u é (a Primavera)?

Foto: €eErRbBbiiIEe€

Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas da Primavera!
Ai Deus, e u é?

terça-feira, 18 de março de 2008

Vírus laboral

Leia-se:
"Caro Director, não posso trabalhar mais hoje porque o meu computador tem um vírus que se alastrou à minha mente e me toldou a capacidade de pensar para o resto do dia... aliás, neste momento esse vírus terrível está a exercer um peso tremendo nas minhas pálpebras..."

domingo, 16 de março de 2008

Ainda o céu...

S.: Sabes quem te deu essa bicicleta, J.? Foram os bisavós C. e A.
J.: Atiraram-na lá de cima do céu? Com muita força?
S.: Não J., deixaram-na cá para ti, antes de irem para o céu...

sábado, 15 de março de 2008

Núvens de algodão

Foto: Immagina


J.: Mãe, é verdade que as núvens são feitas de algodão? Como é que levaram tanto lá para o céu? Já sei... deve ter sido um Super-Herói que levou todo o algodão e espalhou lá em cima...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Resposta ao desafio

Foto: Qatar


A Smootha propôs-me mais um desafio.

Desta vez tem por nome O objectivo do meu Blog, e consiste em explicar qual o motivo que me levou a criar um blog.

As regras são várias, mas as que eu vou cumprir são apenas estas (sim, a subversão também faz parte do Café!):

. as regras de bem conviver na blogosfera;
. dizer o que procuro no blog que me lançou o desafio;
. responder à pergunta "o que me levou a criar um blog" e passá-la a outros bloguistas, dizendo porque os leio.

Aqui vai, então:

P.: O que me levou a criar um blog?
R.: O gosto pela escrita, pelas novas tecnologias, o desafio de criar um espaço virtual meu que pudesse enriquecer com textos, imagens, músicas e sensações. No fundo, procurava uma espécie de diário, motivo pelo qual mantive o Café no anonimato durante algum tempo. Depois veio o Destaque do Sapo e tudo mudou... O Café abriu as portas e alargou a clientela a amigos e reais e virtuais.

P.: O que procuro no blog que me desafiou?
R.: As luas que tem, sempre inspiradas e despretensiosas!

P.: A quem lanço o desafio e porque os leio?
1. À Eva - porque já me habituei aos seus escritos, que passaram a fazer parte das minhas leituras;
2. Ao Viriato - porque, como ele próprio diz, é um espaço onde a poesia e a liberdade se abraçam;
3. À Torrada e Meia de Leite - porque é actual, combina com o Café, e (descobri hoje) também gosta de Leonard Cohen.

sábado, 8 de março de 2008

Por todas as mulheres

Imagem: Christian Asuh


No pequeno universo onde nasci e cresci, as mulheres eram a esmagadora maioria. Figuras de traço forte, liam muito, viam teatro e cinema, eram trilingues, viajavam sózinhas para países longínquos, dominavam todos os assuntos, opinavam com veemência, eram imaginosas e proviam ao bem-estar da nossa comunidade. Havia nelas pinceladas de Maria e Marta, de Judite e de Rute, de Miranda e Isa Gliver. Hoje, à distância, revejo-as nos romances de Alejo Carpentier, Isabel Allende ou García Márquez. Relembro-as na "longa vida de Mariana Urbia" ou na narrativa dos amores, vida e morte de Lívia Drusa.

Talvez por isso eu resistisse a assumir por inteiro a "desgraça feminina", a luta pela "libertação da mulher", pela conquista da igualdade pura, ou, como hoje se diz, pela igualdade de oportunidades, como uma luta própria.

É que, se é certo que a mulher não é igual ao homem, também é certo que as mulheres não são iguais entre si. E esta revolução pacífica, sem mortos nem feridos, tornou este facto bem claro. Sempre desconsiderei a mulher "sofredora", suspirante, ansiosa, escrava de dever, passiva e normalmente muito maçadora. Sempre me irritou a mulher "infra-estrutura", a grande mulher atrás do grande homem, uma espécie de manager furioso de um protagonismo alheio e partilhado da pior forma. E que dizer da mulher "bem sucedida" que enche as páginas das revistas femininas com receitas instântaneas de sucesso ou da mulher "executiva", que nas novas técnicas publicitárias veio substituir o modelo, já gasto e censurável, da "mulher objecto", carregada de gadgets inúteis, sem olheiras, stress ou nariz brilhante?

Dou ainda de barato o discurso cansativo e estéril, que tornou surdos tantos ouvidos e secou tantas boas vontades, da "mulher ao poder por ser mulher" e o efeito perverso de se ter padronizado um comportamento de minoria de um grupo que é hoje estatisticamente maioritário. É que sempre me pareceu absurdo que as mulheres, constituindo uma expressão fortíssima do eleitorado, vejam no homem o único culpado da sua sistemática inelegibilidade para cargos do poder.

Mas, apesar de tudo, confesso ter alinhado várias vezes, com convicção e empenho, nas fileiras de quantas levantam vozes e bandeiras pela causa da mulher. Por aquelas mulheres polivalentes e multimodais, capazes de abarcar sempre novas tarefas em acumulação, por tradição gestoras de conflitos e, por natureza, apaziguadoras, pedagógicas e prospectivas, amantes do médio e longo prazo em detrimento do imediatismo, capazes por isso de desempenhar, com limpidez e vigor, o futuro.

Por aquelas mulheres que vivem dois dias em cada dia, duas vidas em cada vida, chegando a tudo e a todos dentro de uma rigorosa e honesta contabilidade que mantêm com o mundo e os outros.

Por aquelas mulheres que transpõem para as novas actividades o seu código de valores próprio, assumindo uma posição mais ética na conquista e no exercício do poder e que, na hora das decisões, recusam o corte entre o concreto e o quotidiano e a sua percepção do mundo, feita de cabeça e coração.

Por essas levantei bandeiras e também por muitas outras, traiçoeiramente encerradas num universo onde o ciclo do sofrimento, da humilhação e do cansaço parece não ter fim. Mulheres lançadas, indefesas e solitárias, numa luta quotidiana de sobrevivência singular e plural, desdobradas em quatro para equilibrar, apaziguar, prover e repartir.

A existência de um "Dia da Mulher" é muito questionável. O que se celebra, que efeito se quer produzir, o que significa essa distinção - que eu saiba não existe o "Dia do Homem" - num mundo onde as mulheres estão em maioria? Não sei ao certo. Para mim, o dia 8 só faz sentido se conseguirmos pôr em evidência a diferença entre o discurso oficial e a realidade, entre as leis que abundantemente produzimos e as causas que, ainda hoje, impedem as mulheres de fazerem, com liberdade, as suas escolhas. O meu dia 8 é para isto mesmo.

Maria José Nogueira Pinto, no Diário de Notícias [6 de Março 2008]